Hoje trago para vocês mais um post com algumas recomendações de animes, dessa vez com o tema de animes inspirados ou adaptados de jogos. Adaptações de games para outras mídias costumam não ser bem recebidas pelo público em geral, felizmente no caso dos animes temos diversos exemplos em que a adaptação agradou ao publico, eis alguns deles:
Danganronpa: Kibou no Gakuen to Zetsubou no Koukosei The Animation
Encabeçando a lista temos este anime de 2013, adaptado de um game de 2010 com elementos investigação em primeira pessoa, foco em puzzles e quick time events, além de porções de gameplay no estilo tribunal (a la Phoenix Wright). O jogo em si foi um grande sucesso no Japão, conseguindo uma sequencia em 2012 denominada Danganronpa 2 : Farewell Despair Academy. Fora do Japão o jogo original não foi distribuido oficialmente até 2014, mas chegou a conseguir uma fama online mesmo antes disso, principalmente através de cópias traduzidas por fãs.
O anime em si chegou em julho de 2013 como uma das principais apostas para aquela temporada, dado a fama do jogo então. Apesar da apreensão dos fãs, logo nos primeiros episódios já se pode concluir que o estúdio Lerche fez um bom trabalho na adaptação, realizando algumas poucas mudanças da obra original (o que é comum em qualquer adaptação), mas mantendo o feeling original do jogo, e transportando muito bem sua essência para o anime.
Dito isto, sobre do que se trata o anime em si: vocês devem estar se perguntando, vale a pena assistir?, para começar o enredo é um dos pontos mais complicados de Danganronpa, e o máximo que eu arrisco em dizer sem spoilar nada a vocês é o seguinte: a história se passa em uma escola isolada do resto do mundo, onde 15 alunos super dotados devem conviver entre si e assassinar um de seus colegas para ganhar o direito a liberdade.
Uma premissa sinistra, sim, porém o tom do anime é mais leve do que parece. Apesar de termos algumas cenas pesadas e abordagens de assuntos complicados, na maior parte do tempo um teor mais cômico impera, seja devido as interações entre os estudantes, cada um mais caricato e interessante que outro, ou pelo magnifico Monokuma, o ursinho de pelúcia falante que age como diretor da escola e principal antagonista (sim, eu disse ursinho de pelúcia falante).
O anime consegue manter uma narrativa coesa até o fim (ainda que menos detalhada do que o jogo), e apresenta de maneira empolgante os assassinatos que inevitavelmente ocorrem durante a história, nos colocando sempre no ponto de vista do protagonista, Naegi Makoto, um garoto aparentemente normal que se vê obrigado a encarnar Sherlock Holmes para sobreviver.
Personagens divertidos, um roteiro intrigante e uma direção competente tornam Danganronpa uma boa opção para qualquer um procurando um show com tematica de mistério e assassinato, mas abordados de maneira mais leve; vale a pena conferir.
Advent Children
Final Fantasy VII, tido por muitos como um dos melhores RPG’s da história, no minimo reconhecido como o mais famoso JRPG do mundo dos games, um verdadeiro clássico do mundo virtual, um jogo fantástico sem dúvidas… Se você leitor nunca teve a oportunidade de desfrutar desta obra prima dos games, eu humildemente peço que o faça. Se você aprecia rpg’s de uma chance a FFVII.
Dito isto, o segundo anime da lista se trata do longa metragem de animação Final Fantasy VII: Advent Children, este que é uma sequencia direta ao jogo de 1997 citado acima lançado em abril de 2009 pela Square Enix. A história se passa em um mundo alternativo, distópico e futurista, envolvendo aliens, experiências genéticas e a criação de super soldados, tudo permeado com ótimos personagens e principalmente belos diálogos entre os mesmos; além, é claro, de cenas de ação de tirar o fôlego. O protagonista Cloud Strife, é um ex-militar frio e misterioso (o famoso badass), seus companheiros variam desde O favorito dos fãs (e protagonista do próprio jogo spin-off Final Fantasy: Dirge of Cerberus), o ex-mercenário Vincent Valentine, à bela (e pessoalmente minha personagem favorita) Tifa Lockhart, e é claro não podemos deixar de mencionar o famoso antagonista de FFVII, que retorna em Advent Children, o temível Sephiroth, vilão tão vilão que tem até sua música tema (clica aqui pra ouvir!).
No geral Advent Children é um prato cheio para os fãs de FFVII, uma conclusão épica para a história de Cloud, animação de primeira qualidade, lembrando que se trata de uma animação em CG (Computer Animation, feita completamente no computador), com trilha sonora nostálgica, personagens recorrentes mesmo que com pequenas participações, e cenas de ação sensacionais, e portanto mais do que recomendado.
Fate
Para fecharmos a lista, trago um dos meus animes preferidos, a série Fate. Esta série apesar de não muito conhecida pela comunidade otaku mainstream no Brasil, é um grande sucesso no Japão, e possui incontáveis entradas, spin-offs, especiais, etc. Logo, para destrincharmos uma franquia tão bem sucedida e grandiosa, acredito que começar pelo inicio da série seja o ideal. A série Fate é originária de uma Visual Novel, ou VN, de 2004 produzida pelo grande estúdio de VN’s, a Type Moon.
Mas antes de prosseguirmos, o que é uma Visual Novel? Este termo designa um tipo de mídia muito comum no Japão, que se trata das Light Novels; ou seja, pequenas novelas, ou histórias, “contadas” de uma maneira interativa. O texto da história aparece na tela do computador, tendo como fundo desenhos no estilo mangá da situação que o texto descreve, e a medida que o “jogador” pressiona o botão do mouse o texto vai progredindo e as imagens de fundo acompanham (o texto é inclusive dublado em alguns casos). Ok, mas e o “interativo”? Em certos pontos da história o jogador é apresentado a um dilema, uma escolha a se fazer, e é ai que entra a interação. O jogador determina o que o protagonista da história irá fazer neste momento. No caso de uma escolha “errada” geralmente acabamos matando o protagonista, e trazendo o famoso game over, enquanto que uma escolha “correta” progride a história para um novo ponto.
Certo, agora que você sabe o que é uma Visual Novel vamos continuar. Como havia dito antes a primeira obra da franquia Fate foi uma VN, denominada Fate/stay night (ou F/SN). Essa que conta a história de Emiya Shirou, um estudante do ensino médio e aprendiz de mago que acaba se envolvendo em uma guerra mágica de grandes proporções; e com um assombroso prêmio ao vitorioso, o Santo Graal.
A história de F/SN possui 3 grandes rotas, ou seja, 3 rumos distintos que a história pode tomar dependendo das ações do jogador, estas 3 rotas são basicamente divididas por quem o jogador decide tornar a heroína principal (ainda que as diferenças entre as rotas sejam muito mais profundas do que apenas isto). A primeira rota, chamada de rota Fate, é a rota em que a heroína principal é Saber (ou Sabre), uma jovem guerreira do passado invocada por Shirou para auxilia-lo em sua luta, Saber é reconhecida como a grande garota propaganda da série Fate, sua personalidade forte porém meiga conquistou muitos fãs e suas habilidades em batalhas são muito admiradas, sua presença é quase certa na maioria dos trabalhos da Type Moon, inclusive spin-offs de Fate.
A segunda rota, denominada Unlimited Blade Works, foca na personagem Tohsaka Rin, uma outra maga participando da Guerra do Santo Graal, Rin se encaixa no perfil tsundere (repito, um dia eu faço post explicando tsunderes, kuuderes, yanderes, etc), e também possui uma legião de fãs; o jeito mandona e a determinação inabalável em combate são aspectos marcantes da senhorita Tohsaka. Esta rota também é a que mais foca no próprio Shirou, em suas motivações, desejos e temores, pessoalmente é a minha favorita.
Por fim temos a rota Heaven’s Feel, que traz no spotlight a amiga de infância de Shirou, Matou Sakura, uma garota tímida, doce e claramente apaixonada por Shirou. Sakura pode ser a menos querida pelos fãs quando comparada a Saber ou Rin, mas vejo muito mérito na personagem. Ela se trata definitivamente da personagem mais complexa entre as três, e talvez justamente por esta complexidade de sentimentos ela seja rejeitada por parte dos fãs que não conseguem entender a personagem de fato. A rota também da bastante espaço para a história por trás da guerra em si, das origens do Graal e do verdadeiro significado de toda esta luta.
Todas as rotas possuem seu valor, e honestamente para o entendimento completo da série é imprescindível que se jogue TODAS as rotas.
Já o primeiro anime da série Fate foi Fate/stay night, de 2006 produzido pelo Studio Deen com um total de 24 episódios, deixou um gosto um pouco amargo na boca dos fãs. Tudo começa pelo fato de não ter sido escolhida uma rota especifica a ser seguida, como no jogo. Ou seja, as 3 rotas foram misturadas pelo Studio Deen em uma única adaptação, isto somado à algumas alterações duvidosas no enredo, uma arte que deixou a desejar mesmo para a época, e no geral uma sensação de que a complexa história da VN de F/SN havia sido comprimida em uma história corrida, mal explicada e com diversos furos, que acabou deixando alguns fãs insatisfeitos. Sim o anime de 2006 têm seu mérito, principalmente pela época em que foi feito, mas podia ser melhor como vamos ver mais a frente.
Ainda que não um sucesso crítico, F/SN de 2006 foi um sucesso comercial e garantiu o futuro da franquia Fate, esta que voltou às tv’s japonesas com a adaptação da rota Unlimted Blade Works, novamente pelo Studio Deen, em 2010, em forma de um longa metragem. Dessa vez um completo desastre, se 24 episódios tinham sido pouco da última vez, uma única animação de pouco menos de 2 horas é com certeza insuficiente para se contar tal história, recomendação pessoal deste que vos escreve, passem longe deste longa.
Felizmente a franquia ainda estava longe de estar morta, em 2011 finalmente boas novas apareceram para os fãs da série, No inicio do ano foi lançado o spin-off e paródia Carnival Phantasm, que traz não só personagens da série Fate, mas de outras séries da Type Moon que se passam no mesmo universo de Fate (como Tsukihime e Kara no Kyoukai), em situações cômicas, um belo agrado aos fãs do Nasuverse, nome do universo criado pela Type Moon.
Mais tarde, no ano de 2011, finalmente o anime que todos os fãs esperaram ansiosamente é lançado, um anime que fez jus à esta grande franquia, produzido pela gloriosa Ufotable, este se chama Fate/Zero.
Fate/Zero se trata de um prequel à história de Fate/stay night e conta a história do pai de Shirou, um mago mercenário chamado Emiya Kiritsugu que também se encontra envolvido em uma Guerra do Santo Graal. Aqui temos uma história nunca antes vista que traz diversas respostas aos fãs da série, motivações de diversos personagens são devidamente explicadas, um roteiro afiadíssimo proporciona emoção do começo ao fim, pontuado por grandes atuações por parte dos seiyuus e uma qualidade de animação inacreditável, com cenas de lutas de cair o queixo. Fate/Zero é uma obra prima aos olhos não só dos fãs de Fate mas para qualquer apreciador de animes em geral.
Dúvida? Acesse o seu Netflix e de uma chance (sim, tem no Netflix!), não é necessário conhecer o resto da história para entender F/Z já que se trata de um prequel, portanto é um ótimo ponto para adentrar o universo de Fate.
Por fim, (calma ta acabando, juro) temos Fate/stay night: Unlimited Blade Works… Ei esse já não foi? Tá doido? Não meus queridos, não estou maluco, a rota UBW de fato ja havia sido adaptada pelo Studio Deen como eu disse acima, mas eis que a milagrosa Ufotable resolveu nos agraciar com uma nova adaptação da rota, desta vez nos mesmo padrões de qualidade de Fate/Zero. E então em 2014 a rota UBW ganha sua nova animação, e para esta simplesmente não existem elogios suficientes. Peguem tudo que eu disse sobre F/Z, tudo se aplica aqui, com a exceção de que por mais que parecesse impossível a qualidade da animação estava ainda melhor, a historia de Shirou e Rin recebeu tratamento de gala e é extremamente recomendada por este que vos escreve. E sim, para os novatos da série, podem sim começar por esta versão e depois voltar e assistir Fate/Zero sem problemas para o entendimento da história.
O universo de Fate é um dos mais complexos do mundo dos animes, quiça o mais complexo, ainda existem diversos games spin-offs que não mencionei (Fate/Unlimited Codes é um ótimo exemplo, ótimo jogo da série pra quem tem PSP), animações spin-offs (Fate/Kaleid Liner Prisma Illya, outro bom exemplo), personagens fantásticos que nem cheguei a citar (um beijo, Kirei!), além é claro das outras obras da Type Moon que mencionei acima que em alguns casos também possuem adaptações para anime. Enfim a franquia Fate é merecidamente uma das mais bem sucedidas do mercado otaku e com certeza merece ao menos um pouco da sua atenção!
E é isso ai pessoal, esses foram alguns animes inspirados em jogos que eu recomendo a vocês, gostaram ? Faltou algum anime que vocês recomendariam? Conhecem algum jogo que ficaria legal se fosse adaptado para um anime? Comentem ai e até a próxima o/