Uma história de amor com a Gleba - Dropando Ideias

uma história de amor com a gleba dropando ideias

Eu tinha acabado de voltar do almoço com meu pai; o dia era de um sol escaldante do caramba, eu de calça de moletom e uma mochila cheia de cadernos nas costas. Desloquei-me do escritório do meu pai até o ponto de ônibus mais próximo, as chances dele me levar de carro eram as mesmas de eu ficar ali sem fazer nada, e esperei.

Esperei, esperei, uma velha espirrou em mim, esperei.

Aquele ponto cheio de gente tentando se esconder do sol se levanta, olham pro lado, e ao longe, um ônibus surge. Eu, coitada, sem óculos tentando ler a porcaria da placa, e dai em letras garrafais laranjas me vem um “Gleba”.

“Mas onde fica a Gleba, meu deus?!” Sete anos na mesma cidade, tão pequena que no mapa do estado de São Paulo mal aparece e eu não sabia onde ficava a porcaria do bairro da Gleba. Entrar no busão e correr o risco de ir parar no quinto dos infernos ou esperar mais um milhão de anos naquele ponto de ônibus pra outra velha vir espirar em mim?

Decidida, levantei com movimentos quase de filme de ação, me aproximei da porta do ônibus e quando disse “Moço”, me dirigindo ao motorista… A porta fechou e o ônibus saiu andando.

Voltei a me sentar, derrotada. Um cara escutava pagode sem fones, uma moça com os quinhentos e cinquenta mil filhos tentava acalmar as pestes, e o sol escaldante.

Daqui’umpoco vem chegando outro, outra vez as letras garrafais, e para minha decepção lá vem dona Gleba outra vez. Já achei que ia ser a mesma novela, quando, bem atrás, vejo o lindo do meu busão! Corri, os fones de ouvido caindo pelo chão presos ao conector do celular; subo, dou o dinheiro pra moça e quando vou passar pela catraca, O BAGULHO EMPERRA!

Dai comecei a chamar atenção das pessoas, coisa que eu odeio, olhei pra trás pra ver menos rostos olhando pra mim e vi aquelas letras garrafais do onibus da frente atravez do vidro.

“GLEBA – DIRETO, GLEBA – DIRETO…”

A cobradora mexeu em alguma coisa perto do caixa e a catraca girou, me encolhi em um acento no corredor e foi aquela balançada tipica de ônibus. Fui ouvindo música, olhando pros lados, nenhum problema.

Só me deu um surto de raiva quando eu descobri que o Ônibus Dona Gleba passava perto da rua da minha casa.

 

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