A carta não publicada que eu escrevi antes de 2020 (e de tudo que aconteceu) - Dropando Ideias

Esse texto foi escrito no dia cinco de janeiro de 2020. Encontrei ele nos rascunhos do blog, quando estava arrumando tudo para ele voltar a ativa. É um bom texto, mas fico surpresa com a minha própria inocência em relação ao mundo e resolvi lançar ele agora para ter isso registrado. Como as coisas são líquidas, né?

Você tem uma conta específica que você faz para saber quantos anos você vai ter em determinado ano? Eu tenho.

Nasci em 1998, o que significa que eu posso sempre adicionar +2 aos dois últimos dígitos de qualquer ano e eu posso calcular facilmente a idade que eu terei naquele ano. Em 2020, por exemplo, eu faço 22 anos.

Eu já posso beber legalmente em qualquer lugar do mundo. Já aprendi a lidar com bancos e a brigar (com respeito) com atendentes que não sabem e não querem resolver os seus problemas. Sou adulta, eu acho. Então qual a vantagem de fazer 22 anos? O que vem pela frente?

O mundo está meio caótico desde já. Janeiro chegou, temos aquela vibe esperançosa que faz a gente ir na academia, começar novos projetos, prometer ler mais. O universo, por outro lado, promete pra gente conflitos armados e censura. É estranha a falta de sintonia.

Minha mãe me disse que talvez um dia eu entenda a vontade dela de nunca falar sobre a própria idade. Estar desintonizada com a passagem do tempo parece que faz parte de passar dos 40 anos (quiça antes). Para mim crescer – e envelhecer – ainda parece uma parte da vida com muitas belezas sublimes. Mesmo assim, já dizia Raul Chequer: com o tempo também da para acumular burrice. O meu destino agora pode ter a ver com enxergar as coisas de uma maneira mais triste, e burra. Será?

Até agora a única vantagem de fazer 22 anos, meus amigos, parece ser poder cantar a música da Taylor Swift no talo, a todo volume, enquanto você pensa em como vai fazer para chegar nos 30 com tudo em cima – seja a bunda ou a conta bancária – com propriedade. Lugar de fala, sabe? Tipo, eu tenho 22 anos, me ouve aqui.

We’re happy, free, confused and lonely at the same time…

A nova década chega a mim junto com a oportunidade de poder me dedicar fortemente aos meus sonhos. Crescer o blog, a stream, o canal. Viajar por aí. Viver um grande amor que é tão grande que pode caber só no espaço do sofá cama de casa. Continuar crescendo, e envelhecendo.

Antes dos 22 eu superei uma depressão. Mantive uma casa. Trabalhei. Corri atrás de sonhos. Percebi que eu posso mudar de ideia para mim mesma sobre quem eu sou. Consegui 10K seguidores no Twitter. Comecei a correr. Cortei franja errado umas 20x e virei piada na internet. É tanta coisa que vivi que parece, de uma forma nada depressiva, que não há mais nada a se viver. Como se já tivesse acontecido TANTA coisa, mas tanta coisa, que da até um medo de adicionar mais bagunças nesse roteiro.

E se eu parar de escrever, é porque eu morri.

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