RPG de mesa, “aquele joguinho de nerd”, passar horas com os amigos sendo um herói numa terra que só existe na imaginação, vários dados que provavelmente as pessoas que não conhecem esse universo nunca viram na vida, comer besteira e beber guaraná em “cálices” pra entrar no clima… Puro amor.
Muito em breve vai começar a nova campanha da minha mesa de RPG; e dessa vez eu que vou mestrar! Confesso que prefiro ser mestre à personagem, e quando mestro, me dedico muito pra fazer uma boa trama, e sempre manter ela agitada. A uns dias escrevi a história no facebook pra meus amigos lerem e dizerem o que acham da campanha, e pra que daqui um tempo ela não esteja perdida para sempre, resolvi postar aqui. Espero que gostem! PS: Esta em formato de carta.
“Feldorian, Ilha a Esquerda, Selva de Fogo
11° lua de 1520, 16° era
Saudações meu amigo, trago boas notícias!
Estranho eu manter formalidades em meio a um caos como este, mas sempre achei que o respeito era uma dádiva. Como está meu rapaz? Não tenho notícias suas a luas!
Tenho pouco tempo, por isso vamos sem mais delongas…
Cheguei a uma semana à Ilha a Esquerda. Desembarquei de minha carona (um navio pirata ilegal) em uma praia ao oeste. Logicamente não vim pelo Mar do Rei, nem os mais bravos piratas passam por lá em suas aventuras, mas um dia eu ei de realizar meu sonho de navegar naquelas águas.
Aliás, já lhe contei a lenda do Mar do Rei? É historia de gente do litoral, e conta como o Rei Ludas conquistou o trono e deu início Á 16° era…
Feldorian era então uma terra de Orcs (Sim! Depois de séculos de lutas dos Altos Magos Elfos para a libertação da nação desses tiranos, eles retornaram. Que coisa, não?), criaturas bárbaras e que acreditavam que a força era a chave para a sobrevivência e o sucesso; suas espadas e machados eram partes de seus braços, e quanto mais cabeças inocentes decapitadas, mais prestígio e honra se tinha.
Elfos, humanos, anões, mestiços, halfings, e tantas outras raças, eram escravizadas das piores maneiras possíveis, e não havia rebelião alguma que tirasse o Rei Drafus, o Raio, do trono; um orc poderoso e com força para construir uma fortaleza de pedra inteira sozinho, se ele não tivesse um exército de orcs e anões quase tão fortes quanto ele para fazer isso.
Depois de uma semana de mal tempo, com raios, trovões e muita chuva, começaram a surgir histórias de um mago de túnica prateada que havia surgido do Lago Azul para libertar o povo e trazer justiça a essa terra. Ninguém sabia se aquelas histórias eram verdadeiras, mas em tempos como aqueles, onde fome, abandono, dor e lágrimas eram constantes, acreditar em heróis deixa de ser coisa de criança.
Bons atos e boas energias começaram a surgir nas partes mais esquecidas daquele reino, e logo o boato chegou aos ouvidos do rei; a princípio ele ficou confiante de si – ele era Drafus, o grande Rei, o raio! Quem iria o derrotar? Até por que, devia ser bobagem de camponês essas histórias… -, mas logo essa confiança desapareceu, quando seu filho mais novo apareceu nos corredores do castelo morto, com o simbolo de um olho (o simbolo da deusa da magia por eras e eras) tatuado na testa.
Drafus mandou todo o seu exercito atrás do tal Mago, e ofereceu uma recompensa imensa por sua cabeça. Ele próprio foi em várias caçadas ao Estrangeiro de Túnica Prata, tamanho era seu ódio.
Dias passaram e o mago foi esquecido pelo Rei, mas o ódio foi se acumulando dento de si, e ele ordenou que qualquer um que parecesse suspeito de ter ligação com o mago fosse assassinado. Apoiadores do Mago se jogaram no Lago Azul em sua busca (e também escapar da guilhotina, caso conseguissem chegar a algum lugar se as lendas sobre esse misterioso lago que, dizem alguns, leva as pessoas para uma outra terra, em um outro plano divino, fossem verdadeiras), nunca mais voltaram.
Sem explicações nem nada, um dia, o mago entrou nos aposentos do rei (contam as lendas, que pelos seus sonhos), e o aprisionou em um cubo de gelo que guardou no bolso; sozinho, o mago tomou o castelo inteiro, e anunciou ao povo ser o novo rei. Sem lider, os exércitos orcs pereceram aos rebeldes, e assim, o mago agora era o Rei de Feldorian.
O cubo foi jogado nos terras vulcânicas, logo, Drafus fora morto; sua família foi exilada nas Ilhas a Esquerda, para viver na mesma fome e miséria que deixaram seu povo.
O Rei Mago, como ficou conhecido (seu nome verdadeiro nunca fora pronunciado por nenhum vivente, nem mesmo por sua esposa), deu início a 15° era, e jurou igualdade entre raças, e paz enquanto reinasse.
A magia começou a voltar ao ambiente, depois de anos desaparecida. O mago parecia criar um novo mundo por cima do que os Deuses já haviam criado, um mundo melhor, mas não puro. Além das belas e misteriosas fadas, e as criaturas misticas como unicórnios e animais-falantes, Bruxas e criaturas malignas começaram a aparecer também; tudo tem seu lado mal, não é mesmo?
Um dia, o Rei Mago se apaixonou por uma mestiça. Uma meia-elfa (pai humano e mãe elfa), e casou-se com ela. Seu nome era Lüffyn.
Lüffyn tinha dois irmãos; a Duquesa Ela, também meia elfa, e um irmão de um outro casamento da mãe, Luddas.
Tempos prósperos seguiram-se por alguns anos, até que uma noite, no seu aniversário de 21 anos, Luddas enlouqueceu.
Guardas que estavam de patrulha naquela noite no salão de jantar dizem que rei e duque discutiram. Ao que parece, Luddas pedia para que fosse herdeiro do reino, já que Lüffyn não podia ter filhos por motivos de saúde, e o rei mago, depois de ouvir um longuíssimo discurso de Luddas, apenas disse “Deixe que o tempo nos diga o que fazer.”
A fúria tomou conta de Luddas, que apenas gritou enquanto virava a mesa de jantar e derrubava toda a comida e a bela louça pelos ares “ESTA TERRA ERA DO MEU SANGUE, E É MINHA, POR DIREITO!” e saiu furioso pelos corredores do palácio.
Ninguém entendeu o que ele quis dizer com aquilo, sabe-se que sua mãe se suicidou dois dias depois, suspeito que ela era a única pessoa que chegou a entender o que ele quis dizer.
A tensão no reino subiu e os elfos profetizaram que algo ruim estava por vir… E estavam certos. No meio do por do sol por cima da montana do Lago Azul, um combate se ergueu no ar. Mago e dragão num combate mortal.
O dragão era negro, cheio de cortes e machucados, e com presas gigantescas. Devia ter umas 30 vezes a altura do mago, e soltava urros e bolas de fogo tentando atingi-lo.
Ele rugia para o Mago e a vida parecia escorrer para fora dele. O combate seguiu, juntando milhares de espectadores camponeses que choravam com medo de perder seu tão amado rei. Os exércitos já marchavam para lá, mas parecia que não iam chegar a tempo.
Até que uma hora, o mago parecia tão velho e cansado, que não conseguiu mais se manter no ar. Começou a cair, e antes de atingir o chão, o dragão o segurou com suas garras e voou até pouco depois das Cidades das Montanhas; Com aquelas asas, a viagem demorou só algumas horas, um caminho que demoraria meses; e quando chegou, voou o mais alto que pode, subiu, subiu, subiu… E quando achou que era alto suficiente, soltou o mago no chão.
O mago ia caindo cada vez mais rápido, e quem assitia a cena das janelas de casa viu a aura roxa que cobriu o corpo do mago durante a queda, e quando atingiu o chão, o mais poderoso terremoto aconteceu.
Pessoas morreram, casas foram completamente destruídas, estradas completamente bloqueadas, e até mesmo as montanhas pareciam ter mudado de lugar no horizonte, e no lugar onde o mago caiu, abriu-se o maior e mais negro mar que se podia imaginar, tão negro quanto o dragão que o matou.
Em meio a tanto caos, ninguém parecia ter se lembrado que um dragão não era visto a mais tempo do que os mais antigos elfos podiam se lembrar, nem ali, e nem em nenhum recanto do mundo dos quais os aventureiros contavam.
Falam que quem navega naquelas águas tem as memórias distorcidas. Cenas de espancamento, estupro, tortura e dor ficam para sempre como suas novas lembranças. Outros contam que você é consumido pelas águas e levado até tão fundo que vai para a terra dos demônios; para ser obrigado a viver em uma casa de fogo onde sua pele queima infinitamente mas você nunca morre, e assim paga seu pecado: ter deixado o rei Mago, tão puro e bom, morrer.
Depois de dias de discussão na corte foi estabelecido que a rainha Lüffyn se casaria com seu irmão bastardo Luddas, e ele seria o novo rei.
O reino estava tão depressivo com a morte do Mago que nem se quer deu opinião sobre o assunto, ou mesmo festejou a coroação do novo rei, e os primeiros anos do reinado de Luddas foram calmos e silenciosamente depressivos.
Até hoje há quem culpe sem argumento nenhum o rei Luddas pela morte do Mago, dizem que “podem sentir isso no que ainda existe de magia aqui”.
E agora, 20 anos depois que Luddas foi coroado, o silêncio esta sendo quebrado, um murmuro já pode ser ouvido no ar, os bardos já cantam canções sobre isso…
O povo quer respostas! De onde veio o dragão? Do mesmo lugar que o mago? Quem eram eles? Por que o dragão atacou o rei mago? E como ele podia ser tão poderoso a ponto de derrotar o rei tão facilmente? E Luddas, tem ou não tem a ver com essa historia?
E, meu amigo, eu vim até onde o murmuro é mais alto… Que velho louco eu não?! Vim até a Ilha a Esquerda, terra de exilados e conspiradores atrás das mesmas respostas que eu…
Dizem que o rei mago ainda vive aqui, nas ruínas dos castelos daqueles que estavam aqui antes de todos nós, sabe-se lá como.
Eu preciso de sua ajuda meu amigo, não são todos os homens que sei que posso confiar e que me ajudariam em uma coisa dessas…
Encontre homens de confiança, procure por todo o reino qualquer pista sobre o ocorrido, agora que você já sabe as lendas, deve saber onde procurar. Mas acredito eu, um bom lugar pra começar é nas ruas da capital!
Boa sorte, que os deuses nos iluminem.
Aldo, o caolho. “
Nem ficou grande né? HAHAHA, torçam pra cair 20!