Hoje trago pra vocês um mangá bem do meu gosto habitual: um seinen dramático, fofo, e que mexeu muito comigo. Hoshi Mamoru Inu, em tradução literal O cão que guarda as estrelas. Uma expressão japonesa usada para identificar uma pessoa que deseja algo que não pode ter, se inspirando na imagem do cachorro que senta olhando as estrelas, como se as deseja-se. O mangá, de Takashi Murakami tem toda a trama contada por uma visão peculiar e doce: a de um cachorrinho.
Visto isso, temos uma narração fofa e que não compreende o mundo humano. Happy (o tal cão), é fiel, grato, e ama seu humano mais que qualquer coisa em sua vida animal.
Tudo começa quando Miku, uma garotinha, encontra Happy, filhote, numa caixa, abandonado. Ele é adotado por ela e seus pais, e por um bom tempo Happy foi amado e lembrado pela família. Sempre brincavam com ele, Mamãe lhe dava comida e Papai sempre saia com ele pra passear, todos os dias, na mesma hora e pro mesmo lugar.
Os anos passam, Happy já não é mais uma filhote, e Miku – que agora é uma adolescente revoltada – já não brinca mais com ele, e Mamãe também esquece frequentemente sua comida, mas os passeios com Papai continuam, mesmo que agora para novos lugares e num horário diferente, Papai nunca o esqueceu.
Happy é muito grato por isso; e mesmo agora, velho e cansado, ele é brincalhão e preocupado com sua família. Um dia, Mamãe e Papai se desentendem e se separam, e Happy – fiel a aquele que nunca o esqueceu – fica com Papai.
Assim, uma viagem pelo interior do Japão se inicia. E essa viagem pode ser tanto um recomeço, quando um fim inesperado.
{SPOILER} Simplesmente não consegui aceitar o final. Não podia acabar assim! Chorei tanto. Apesar de se feita uma análise séria sobre a obra o final ter caído muito bem e atingido o leitor em cheio, meu senso de opa-cadê-o-final-feliz não me deixa aceitar uma crueldade dessas. Nem Happy nem Papai mereciam acabar assim. {/SPOILER}
A JBC caprichou nessa edição do mangá, one-shot que vem com marca páginas e orelhas. É tudo muito intimo e delicado na história, tratando-se de uma narrativa na visão de um cão, já que seu dono é uma das poucas coisas que ele ama e aprecia.
Happy é inocente, e mesmo diante da briga de seus donos, não percebe o que aconteceu ali. Ele não nota o que significou para Papai ter de sair de casa com nada mais do que o carro e algumas roupas, sem dinheiro algum, sem plano algum; apenas o seguiu. Enquanto Happy e Papai viajam para o interior do Japão, nós tomamos uma lição sobre como o amor de um animal pode ser verdadeiro e comovente.
Além de um drama forte – que me fez chorar no meio de uma fila na Brasil Game Show -, Hoshi Mamoru Inu é uma lição sobre aproveitar a vida. Sobre quem amar e confiar.
A arte não deixa nada a desejar. Um traço bem particular do autor mas com seu charme próprio e detalhístico. E cá entre nós: que capa hein? Achei uma das mais lindas das que comprei recentemente, uma bela escolha e muito simbólica.
Hoshi Mamoru Inu também tem filme, mas infelizmente não tive tempo de assisti-lo! E você, já leu o mangá ou assistiu essa bela história? 🙂
O cão que guarda as estrelas (Hoshi Mamoru Inu)
Autoria: Takashi Murakami
Editora: JBC
Gênero: drama, seinen, slice-of-life
Sinopse: Uma menina pega um filhote de cachorro abandonado em uma caixa de papelão e o leva para sua casa. Com o passar do tempo, o pai da família constitui um forte vínculo com o cão enquanto sua esposa e filha se afastam dele. Diante de um divórcio, ele coloca algumas caixas de papelão em seu carro e dirige rumo ao sul, para viver com seu cão.