Sim, estou um pouco atrasada com esse post de melhores jogos de 2018. Mas começo de ano é assim mesmo né? Uma bagunça. Sem sombra de dúvida 2018 foi um ano especial para a minha relação com videogames. Não só eu joguei mais – algo que eu venho fazendo desde 2016 -, como me joguei de cabeça na comunidade gamer brasileira, participando de videos, podcasts, sites, programas, e muito mais. Estou muito feliz com a minha evolução nesse meio e, por motivos bizarros que eu explicarei em próximos posts, me sinto ainda mais no meu lugar no mundo.
Fiz o Poligonal, o podcast de games da Vice Brasil que infelizmente acabou esse ano; participei das lives da E3 da triforce Nautilus, Jogabilidade e Overloadr; fui convidada em alguns podcasts sobre games; apresentei um palco na Brasil Game Show; participei de um documentário gringo sobre a cena indie de games no Brasil; e muito, mas muito mais.
Por isso, quero ressaltar que esse post Melhores Jogos de 2018 – que tenho feito tradicionalmente todo ano já fazem alguns anos – não é só sobre jogos em si. Eu amo jogar, e amo o que essa comunidade me traz de vivência. Poder celebrar isso é mais do que especial para mim, e é pra isso que estou aqui.
Os meus cinco jogos favoritos de 2018 refletem todas essas coisas boas que eu senti esse ano. Lembrando que os jogos não estão ranqueados ou ordenados de nenhuma forma específica, e que está lista fala mais sobre a minha experiencia do que sobre a qualidade dos jogos em si.
Minit
Simples, rápido, engraçado. Minit foi aquele game que me acompanhou durante algumas badvibes de 2018; quando eu precisava esfriar a cabeça e nenhum jogo que eu precisasse prestar muita atenção conseguiria me ajudar. A história é simples, os controles mais ainda, e a ideia de morrer a cada 60 segundos e precisar “reiniciar” a sua jornada é mais divertida do que parece.
Minit se aproveita da ideia de que você como um gamer já sabe as mecânicas e princípios básicos de qualquer jogo, pulando tutoriais e ladainhas – já que, ei, em 60 segundos você vai morrer de novo! – que são realmente desnecessárias em um jogo desses, entregando uma experiência leve e cômica, brincando com a própria mídia e as limitações de gameplay. Um sarro.
Lembro de várias vezes ter sentado na frente do PC chorando, e levantar com um sorriso de canto de boca depois de ter me animado um pouco. As piadinhas bobas dentro de balões de fala que aparecem em menos dois segundos, junto com a excelente localização e tradução para o português, me fizeram gargalhar. Não consegui parar de lembrar de Undertale também, principalmente por conta do pixel art minimalista (que, vale ressaltar, é difícil pra caramba de fazer).
Red Dead Redemption 2
Quem não colocou esse jogo na lista de melhores do ano, né? Red Dead Redemption 2 é um jogo completo. Não é atoa que ele segue com 97 pontos no Metacritic e concorreu a Game of The Year no The Game Awards 2018. E sendo muito sincera, eu achei que eu ia odiar esse jogo.
A ideia de vários caras cavalgando pelo velho oeste, com pistolas e chapéus, não me era muito encantadora. Eu – que não joguei o primeiro game e pouco acompanhei do hype do lançamento – esperava algo mais parecido com FarCry ou sabe-se lá Odin algum jogo de “homem dando tiro”. Não parecia meu tipo de jogo. Eu gosto de coisas sensíveis, histórias profundas, drama, choro, altruísmo e metalinguagem. Me surpreendendo, acabei encontrando tudo isso em RDR2.
Arthur Morgan é muito mais sensível e humano do que boa parte dos protagonistas dos OtomeGames que eu tanto amo, e a infinidade de coisas para fazer – especialmente tratando-se das “mini narrativas” (ou eventos aleatórios) que encontramos por todo mapa – são surreais. É lindo passar por uma paisagem bonita e ver Arthur sacando seu caderno para desenhar, com alguns rabiscos simples, aquela paisagem; e ficar imaginando o que se passa na cabeça dele.
Aos poucos vou me apaixonando cada vez mais por esse protagonista – ainda não terminei 100% do jogo, o velho oeste é maior do que eu esperava -, coisa que não acontecia dessa forma a um bom tempo. Entre um intervalo e outro dos meus freelas eu volto a sentar na frente da TV, o controle em mãos, com uma estranha consciência de que eu controlo o que Morgan faz, mas não o que ele sente; evidenciando essa nossa relação (muito gostosa, confesso) de jogador e protagonista.
BeatSaber
Não sou muito de me mexer jogando videogame. Gostava do Wii Esportes e de Just Dance, mas misturar movimentos bruscos e rápidos com VR me parecia a fórmula perfeita para um enjoo. Acabou que, depois de explorar um pouco o meu Samsung Odyssey VR em BeatSaber, eu mordi a língua.
Além de ser extremamente divertido – e um puta exercício físico, diga-se de passagem -, Beat Saber me possibilitou alguns momentos especiais com meu irmãozinho. É raro hoje em dia a gente encontrar jogos coop local que consigamos jogar juntos (maldita era dos online), mas apesar de Beat Saber ser single player, assistíamos e torcíamos um pelo outro na sala, fazendo festa e rindo. Aqueceu meu coração.
Ainda estou bem longe de conseguir tocar Megalovania inteira com meus sabres de luz, mas um dia eu chego lá.
The Red Strings Club
Com a referencia nada sutil à lenda do akai ito no título, The Red Strings Club também me ajudou a reconectar-me com alguém. É um jogo um tanto sombrio e com um plot twist bem sacana, mas com uma narrativa bem estruturada que nos apresenta um mundo inteiro, sem se quer termos de explora-lo. Bons diálogos e atmosfera, a gente vê por aqui.
Não consigo se quer ver uma imagem do jogo sem me lembrar do quarto escuro e das duas cadeiras cheias de almofadas que usamos para joga-lo. Nem esqueço da nossa cara de choque quando – depois de horas anotando possíveis senhas, revisitando diálogos e misturando bebidas -, terminamos o jogo. Foi bom poder sentar com alguém e aproveitar uma história que realmente mexe com a gente, e ver nos olhos do outro a mesma sensação incomoda de que tem algo errado no mundo. E sempre vai ter mesmo.
Frostpunk
Posso deixar o melhor para o final, ou isso é muito clichê? Sei que falei que isso não era um ranking, mas Frostpunk com certeza foi meu favorito de 2018, e quiça entrará no meu ranking de jogos favoritos de todos os tempos. Vejam bem, eu quero ir morar no Alasca.
A última coisa que me lembro de ter consumido com temática “frost punk” foi um livro chamado A Imperatriz do Etéreos, que conta a história de uma menina em resgate de um amigo, em um planeta Terra congelado e abandonado. Desde então, fiquei sedenta por algo que explorasse o fim do mundo como conhecemos dessa forma.
Jogando Frostpunk me perguntei genuinamente por que diabos não existem mais jogos, filmes, séries, livros ou o diabo a quatro com essa temática. É fascinante, cheia de possibilidades narrativas, e extremamente cativante. Administrar uma cidade em meio a um frio de -60ºC faz você repensar muitos dos seus princípios.
Frostpunk agradou a gregos e troianos (ou narratologia x ludologia), equilibrando didaticamente gameplay e narrativa inclusive no seu modo infinito. Minha vontade é de sair correndo para morar na Sibéria, mesmo isso não tendo muito a ver com videogame.
Seja lá o que você gostou de jogar em 2018, eu espero que você tenha se divertido; e que os jogos tenham te ajudado a criar novos laços – ou a apertar antigos – de forma que você cresça como ser humano. Aqui no Dropando Ideias nós acreditamos no poder dessa mídia como forma de evolução humana (seja lá o que isso quer dizer), e esperamos que seu 2019 seja incrível.