Trago pra vocês a continuação do Eu e o Vídeo Game, série de posts onde conto sobre o desenrolar da minha vida gamer e dos bons e nostálgicos momentos dela. No capítulo anterior falamos sobre um vídeo game clássico, e alternativo para aqueles que não podiam comprar um Nintendo. Mas agora o clima fica um pouco mais sério, nada de pixels ou joguinhos side-scroll. Também nada de infância e inocência.
Eu, que não tive a oportunidade de enlouquecer com os gráficos revolucionários do Nintendo 64 (só jogando, algumas poucas vezes, na casa de amiguinhos), só fui ver essa revolução gráfica totalmente sobre meu controle no Playstation 1, e por muito, mas muito pouco tempo, e atrasada em relação aos novos consoles.
Naquela época vídeo game ainda era brincadeira pra mim e pra muita gente, então eu nem ligava de receber o console ANOS depois do seu lançamento. Alias, eu nem me importava com quando ele tinha sido lançado, eu só queria jogar, jogar, jogar…
Pois bem, ganhei meu PS1 em 2005, o tal já estava quase sendo descontinuado e eu acabará de ganha-lo.
Um dos primeiros jogos que joguei foi Spyro: Year of the Dragon, nada me deixava mais feliz do que achar um ovinho de dragão e ver o filhotinho sair do ovo enquanto seu nome aparecia na tela. Lembro de jogar esse jogo com meus primos, as partes difíceis quem passava era meu primo mais velho Carlos, e eram boas risadas, xingamentos ao Sparx, e apostas tentando adivinhar o nome do próximo filhote que encontraríamos.
Até hoje sou apaixonada por Spyro, tive vários jogos dele para Playstation 2, e de vez em quando bate uma vontade de baixar um emulador e me aventurar com um dragãozinho roxo outra vez. Não sei porque isso ainda não aconteceu.
Outro game que joguei bastante foi o Metal Slug X! Nessa fase ~playstation~ o que mais me marcou foi a minha amizade com meus
primos. Como vivíamos praticamente grudados, e nos encontrávamos em todas as férias e feriados possíveis no ano, os momentos com eles eram demais!
Brigávamos muito, principalmente por conta dos jogos, mas era bom. Lembro de uma certa vez em que eu e meu primo nos estapeamos e choramos por que eu tinha pego um tanque que ele queria no Metal Slug.
Sou a unica menina da minha geração de primos, ou seja, era a mais zoada e culpada por todas as merdas que fazíamos. Nunca houve um machismo muito formulado da parte deles por eu gostar de vídeo games, e até então ninguém nunca tinha me dito que jogar era “coisa de menino”, então ficava tudo bem.
Varávamos noites jogando no porão, riamos dos mods bestas de GTA San Andreas pirata – que vendiam num camelô por R$5 – e competíamos no Mortal Kombat 4, onde eu era terrivelmente massacrada por não conhecer bem os combos.
Era tudo lindo, mas um belo dia, depois de voltar para casa da escola, fui fazer a lição de casa e ficar de boa no sofá da sala. Até que mamãe diz:
– Filha, vai lá em cima pegar a fita cassete daquele filme que você alugou? Vou lá devolver.
Eu subo as escadas, entro no quarto da minha mãe e direciono os olhos para o videocassete- que ficava junto à tv, em cima de um hack de madeira -, e quando foco a visão simplesmente não tem nada lá, apenas uma mesa com a tv e vários fios soltos. O armário dos meus pais estava aberto, várias roupas no chão, as gavetas do criado mudo também.
– Ô mããnhêêê, o videocassete não ta aqui.
– Como não Letícia?
– Não ta aqui mãe, vem ver.
Minha mãe sobe, cade o videocassete, meu deus? Vamos olhar nos outros quartos… Quem sabe por alguma mágica de Odin ele esteja em outro lugar. E encontramos mais armários revirados e gavetas abertas.
No meu quarto, noto que até meus brinquedos foram revirados, meu cofrinho de porquinho estourado, e meu Playstation 1 estava desaparecido.
Notamos também que haviam marcas de patas na parte alta do muro, e marcas de mãos embarradas nas paredes de fora da casa, pois é, até meu cachorro – um poodle inocente – tentaram levar.
Minha casa foi roubada, provavelmente naquela tarde, e a gente demorou pra perceber. Não fazia muito tempo que eu estava com o Playstation 1, e eu fiquei bem triste. Eu nunca tive meu Play1 de volta, e a falta de um vídeo game me deixava meio nervosa…
Mas as aventuras continuaram – e continuam.
Veja o próximo post da saga: Eu e o Vídeo Game III: Playstation 2