O game Virginia, publicado pela 505 Games (Abzû, Rocket League, Terraria), é um thriller policial com muitas transições jump cuts, uma excitante trilha sonora e uma narrativa desenrolada sem diálogos. Acabei resolvendo explora-lo depois de ver uma grande movimentação no twitter sobre – e também alguns comentários o comparando a Stranger Things e falando sobre a inspiração do estúdio em universos como o de Arquivo X e Twin Peaks; além do preço na Steam R$19,99, que é muito convidativo, e é o valor de uma ida ao cinema (até porque, o game é muito mais um filme interativo do que qualquer coisa – não que isso seja um problema).
https://www.youtube.com/playlist?list=PLjEuDcZgow8s9vlZI4u3id3eVy7zm9GdL
Gameplay que fiz lá no canal, para os interessados. <3
Incorporamos a agente do FBI recém formada Anne Travor, que após uma cerimonia grandiosa e bizarra para receber seu distintivo, é enviada para seu primeiro caso: investigar o desaparecimento misterioso de Lucas Fairfax (a Laura Palmer do jogo só que mais esquecida e praticamente deixada de lado depois de meia hora de jogatina), um menino da cidade de Kingdom, em Virginia, que desaparece misteriosamente deixando seus pais completamente preocupados. Junto com Anne está a agente Maria Halerpin, muito mais experiente e cheia de segredos. Anne também é encarregada de investigar a própria Maria, e é dai que nossa história se desenrola cada vez mais.
O estilo gráfico do jogo é cartunesco, belo e cumpre seu papel. Em nenhum momento o clima de tensão e suspense é atrapalhado pela leveza que a arte do game sugere, mas falta expressão aos personagens levando em conta que a história não possui falas, fazendo com que muitas vezes tudo fique confuso e sem nexo.
Confusão que também se prolonga com os jumpcuts desenfreados que transformam uma cena em outra completamente diferente em tempo e espaço enquanto você caminhava em frente em um corredor. Ao mesmo tempo que esses cortes servem para deixar a experiencia mais fluida e ainda mais misteriosa, eles acabam deixando o jogador perdido se não estiver jogando com muita atenção. O jogo nos força a ficar o tempo todo buscando conexões e explicações para nossas pequenas novas descobertas, e sua atmosfera de mistério encaixa-se muito bem nisso. Mas acaba sendo frustrante uma reta final perdida que mistura drogas, sonhos, pássaros mortos, bisões, flashbacks, alucinações e flashforwards (?); saturada de informações mal explicadas pela forma de contar a história.
Virginia compensa para aqueles que estão atrás de uma experiência diferente, mas não necessariamente grandiosa, cheia de ação ou marcante. É interessante termos a oportunidade de, de tempos em tempos, nos depararmos com jogos que fogem um pouco dos gêneros que estamos acostumados, e que nos mostram novas formas de contar histórias. Nem sempre bem contadas, mas novas.
Virgínia
Empresa(s): 505 Games
Duração: Aproximadamente 3h
Plataformas atendidas: PC/Steam
Sinopse: Um jogo de suspense em primeira pessoa em uma cidade com um segredo. Participe de uma investigação de uma pessoa desaparecida sob a ótica da agente do FBI Anne Tarver.