Eu li: Top School, Seleção Natural

Desde que fui a Bienal do Livro meu gosto por autores nacionais tem crescido bastante, não só por ter conhecido vários deles de pertinho e poder conversar e saber mais sobre seus trabalhos, mas também por ver que quem precisa ajudar esse cenário literário brasileiro a crescer é nada mais nada menos do que o leitor, que compra, indica, e fala sobre tais livros para seus amigos.

Foi numa dessas conversas sobre literatura brasileira na bienal que eu conheci o Toni Brandão, um autor muito simpático e que logo demonstrou muito carinho pelo trabalho dos blogueiros, e se ofereceu a enviar material à aqueles que quisessem ler e resenhas seus livros. Eu logicamente quis, inspirada pela vibe ~ler autores nacionais~, que acabou sendo uma das melhores leituras de 2014.

Quando eu li a sinopse desse livro, confesso que fiquei com um pé bem lá atrás e quase quis desistir de ler. A proposta parece fútil e absolutamente nada a ver comigo; adolescentes super bonitos e descolados que se inscrevem para o concurso de entrada na Top School, a escola de modelos mais famosa de todas e de onde “nasceram” os sucessos da humanidade, sejam eles atores, cantores, artistas ou qualquer outra coisa que venha do talento dos alunos. Mas essa fachada de livro de “patricinha” engana, e o livro me surpreendeu muito.

Começamos conhecendo cada uma das personagens, e são muitos viu! Ben, Mia, Alice, Guel, Malu, Indira… (Esses nomes não são nem a metade deles!) Todos jovens e todos doidos para entrarem na Top School, mas com personalidades bem diferentes umas das outras, e que tornaram esse livro tão gostoso e tão representativo. É como se cada uma das personagens mostrasse um lado dos jovens que temos aqui no Brasil. E por incrível que pareça, na Top School não são apenas aqueles que se encaixam no “padrão de beleza 100% perfeita”, criado pela mídia, que entram. Foi por isso que eu gostei tanto da Antônia, dona da escola, por aceitar todos os tipos de beleza!

90% da história se passa enquanto as personagens esperam para fazer cada uma das etapas dos testes para a Top School; e mesmo soando cansativo, Toni Brandão consegue tornar este um ambiente de intrigas e boa trama, sendo que cada personagem tem – além de suas peculiaridades – uma história só sua, a parte, que devem se desenrolar nos demais livros da série (que, alias, é uma trilogia), mas que fazem nossos dedinhos coçarem de curiosidade.

A divisão dos capítulos e a narração me lembraram de certo modo Game of Thrones; onde cada capítulo conta a “versão” de uma certa personagem, já que o narrador é onisciente. Isso faz com que tenhamos não só a situação dela, mas também sua opinião sobre as coisas a sua volta. Assim, percebemos o desespero de Indira, a maldade de Malu e um pouco mais sobre cada um dos jovens ali.

O jeito do Toni Brandão de escrever fez eu me apaixonar. A escrita é fácil de ler, leve; mas tem um toque “pop” na narração que combina perfeitamente com a cena toda da trama do livro. É engraçada e faz muitas referencias a coisas do cotidiano dos adolescentes, assunto em que o Toni é pró.

Tsunami. Terremoto. Avalanche. Invasão extraterrestre. Destruição ambiental. Fúria de torcida desorganizada de futebol. Três provas na segunda-feira, independentemente das matérias que sejam… Cada um dá o nome que quer para o que se vê no quarto de Alice. A melhor definição por enquanto, é a do irmão dela.

– Que bagunça!

O design do livro em sí é bem fora do comum. As páginas são rosadas, cheias de imagens “rabiscadas” por entre os capítulos. A capa é texturizada de jeans, há letras garrafais e glitter rosa. A fonte do texto é relativamente grande, e entre os textos há as vezes tweets (sim, tweets do twitter, com hashtags e tudo mais!) das personagens – demonstrando o que estão sentindo também online -, e mensagens de texto (c/ abrevs lokas kra), trazendo toda a individualidade do autor ao escrever a tona!

Estou ansiosa para ler os próximos!

Fotos: TODAS FEITAS POR MIM, NÃO COPIE.